CEO do Facebook, nervoso e evasivo

4 de junho de 2010
Por Carla Peralva

Mark Zuckerberg teve uma noite difícil na última quarta-feira, 2, durante a conferência All Things Digital D8, realizada pelo jornal Wall Street Journal. Por 50 minutos, o CEO do Facebook foi bombardeado por perguntas sobre a privacidade de usuários, os negócios da empresa e seu passado. Ele respondeu a cada uma delas, mas, como em poucas vezes antes, se mostrou bastante nervoso e evasivo nas respostas.

Questionado sobre a possibilidade de sua empresa entrar no mercado de ações, Zuckerberg afirmou que não pensa muito nessa idéia e que não há data prevista para uma possível oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês, a primeira venda de ações de uma companhia).

O Facebook se tornou uma das maiores companhias de internet do mundo e está sendo acompanhado bem de perto por investidores ansiosos por poderem comprar ações de uma empresa que tem crescido a passos largos. Dados oficiais não são divulgados, mas analistas estimam as receitas ficaram entre 500 e 600 milhões de dólares ano passado e vieram, principalmente, da venda de propagandas online direcionais.

“Eu acho que a publicidade nesses sistemas (online) logo será mais relevante do que as feitas em muitos outros meios”, afirmou Zuckerberg. Ele também citou um relatório que mostra que a lista de anunciantes do Facebook cresceu quatro vezes em 2009.

Segundo ele, mais de 200 mil sites estão usando os plugins sociais do Facebook e, com isso, transformaram seu conteúdo em informações “gostáveis” para os quase meio bilhão de usuários da rede social. Essa enorme plataforma de criação de conteúdo interessa aos anunciantes, pois ajuda a traçar um perfil mais completo dos usuários e aumenta a efetividade do sistema de marketing direcionado.

A questão da privacidade continuou como principal foco de discussão. Zuckerberg manteve a defesa nas recentes alterações das configurações de privacidade da rede social alegando que elas que mantém o Facebook como uma empresa sempre inovadora. Ele se referia à “personalização automática” que aconteceu em abril em todos os perfis e que tornou várias informações dos usuários disponíveis para outros sites e aplicativos criados por terceiros. Segundo o criador do Facebook, é essa expansão da capacidade de compartilhamento que quebra barreiras e os coloca sempre à frente.

Ele não acredita que sempre tenha que pedir a opinião dos usuários para alterar a políticas de privacidade, pois mudanças como o News Feed já foram feitas por eles e mal vistas no início, mas depois se tornaram essenciais e até óbvias para o bom funcionamento da rede social. “Eu não sei se estamos sempre certo, mas minha aposta é que em poucos anos, vamos olhar para trás e pensar por que houve um tempo que todos os sites e aplicativos… não eram personalizados de alguma forma”.

O CEO negou que o Facebook esteja desenvolvendo um serviço de e-mail para concorrer com Google e Yahoo. “Estamos trabalhando em várias coisas, mas não em um webmail”, disse. E acrescentou que estão mais interessados em uma tecnologia de mensagens curtas, como as mensagens de texto com 160 caracteres que estão cada vez mais populares entre os que têm celular.

Algumas das acusações constantemente feitas sobre seu passado, no entanto, Zuckerberg não pôde negar. “Quando em estava na faculdade, fiz muitas coisas estúpidas e não quero dar nenhuma desculpa para isso… Algumas coisas das quais as pessoas me acusam são verdade, algumas não são… Houve brincadeiras, mensagens instatâneas… Eu comecei a construir isso (o Facebook) quando eu tinha 19 anos e desde então muita coisa mudou”.

Link Estadão -> http://bit.ly/9ai43J

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