Brasil quer ter banco de código de barras genético

Ministério da Ciência e Tecnologia deve lançar ainda este mês edital de R$ 5 mi para pesquisas

05 de junho de 2010
Karina Ninni - Especial para O Estado
Foto: Ararajuba, por Janduari Simões/Divulgação


Reduto de biodiversidade, o Brasil ficou para trás em pesquisas genéticas no setor. O Ministério da Ciência e Tecnologia promete começar este mês a tirar o atraso, lançando um edital que destina R$ 5 milhões a pesquisas sobre códigos de barras genético, os barcodes. O termo se refere à técnica pela qual cientistas criam arquivos com dados do sequenciamento de um gene específico de algum ser vivo. A ideia é montar um banco no qual, a cada espécie, corresponda um barcode.

O código pode ajudar a impedir o contrabando de animais e plantas, porque facilita a identificação de espécies em fronteiras e aeroportos. Faz parte de um arsenal de instrumentos que revolucionou estudos sobre biodiversidade, hoje orientados para a preservação da riqueza genética das espécies.

“Do ponto de vista da biodiversidade, o ideal é sequenciar e criar barcodes para ao menos cinco exemplares de cada espécie, o que diminui o risco de deixar de fora indivíduos isolados”, diz a professora Cristina Miyaki, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. “Nunca se pode garantir que toda uma espécie estará representada na amostragem.”

Já existe um arquivo de barcodes, o Bold, alimentado por pesquisadores do mundo todo. Ele é parte do programa International Barcode of Life (Ibol), criado pelo Canadá, com investimento total de US$ 76 milhões. “Estamos atrasados nesse setor. O Brasil foi convidado para ser a sede regional do Ibol, mas declinamos. Hoje, quem faz este papel é a Argentina”, diz Fabrício dos Santos, professor de Genética da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Sabemos que vários países estão investindo nisso. A China anunciou US$ 30 milhões. O México, a Índia e o Quênia têm programas nacionais de barcodes. É uma prioridade, mas antes temos de organizar nossa rede de pesquisadores”, alega o assessor técnico da Coordenação de Ecossistemas do ministério, David Oren. “O ideal seria ter um banco de dados no Brasil.”

Enquanto isso não ocorre, vários brasileiros têm colaborado com o Bold. Cristina foi ao Canadá para sequenciar e “etiquetar” espécies como ararinha-azul e ararajuba. O pesquisador Maurício Zenker, da Universidade Federal do Paraná, deve remeter amostras de mariposas para o Ibol. "Ainda não temos base legal para enviar amostras com segurança. É preciso deixar alguém como fiel depositário aqui.”

Estadão -> http://bit.ly/cwbdk7

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